Ninguém gosta de monotonia, mas no fundo sempre acabamos nos conformando com ela, talvez porque guardamos certo temor de mudar, temor do que é novo, e, como diria alguns filósofos, sempre se teme aquilo que não compreendemos isso faz parte do nosso instinto animal, algo que sobrevive no âmago de nossa moldura civilizatória. Mas o novo sempre vem, às vezes de forma sutil, outras vezes, de maneira avassaladora e brutal, a diferença esta no modo como concebemos, pois receber o novo é antes de tudo um ato de pré-disposição para a mudança e ao mesmo tempo, o desejo de querer ser parte dela. Por outro lado, tal atitude implica numa quebra de rotina, de ritmo de vida que quase sempre preferimos resguardá-la.
O que tememos de fato? O que queremos de fato? Desejamos ser surpreendidos a cada instante, mas sem prejuízo de nossa estúpida rotina, esta mesma ora tão difamada por nós, ora tão desejada. A ela se deve todos os estresses, a falta de tempo para realizar outras coisas, a falta de disposição para cumprir com outras. Falta de tudo menos a insanidade de querer preservar esta vidinha a todo custo, custo este que é todo nosso obviamente. Cada vez mais me convenço de que o mundo tem o tamanho de nossos sonhos e esperanças, duas coisas que precisam ser semeadas no íntimo de nosso cotidiano, mas infelizmente, não estar muito em moda sonhar, muito menos ter esperança, o pragmatismo capitalista não nos permite pensar em outra coisa a não ser produzir e consumir, não há tempos para “devaneios”, somos como formigas operárias que passam toda a vida procurando juntar e acumular um bocado terra que a qualquer momento pode ser consumida na primeira chuva torrencial.
Nada supera o valor de um dia, esta é a lição que precisa ser aprendida, é pena que muitos a ignoram, e muito poucos a valorizam. Será tão difícil assim perceber que o homem é quem faz o dia ser o que é, e não o contrário? Que o muito às vezes vale pouco e o pouco de muitos, vale muito mais do que o muito de poucos? Que pouco a pouco vida passa e com ela os sonhos, os planos, os projetos, restando apenas os lamentos, as revoltas e a sensação de que vivemos no mais cruel dos mundos. Mas novamente eu insisto quem faz o mundo somos nós, o que dirá do dia-a-dia? Acostumamo-nos a projetar nos outros nossas próprias frustrações, queremos que tudo mude ao nosso redor mas esquecemos de dar o primeiro passo, nosso vício é esperar um pelos outros, é em razão disso que a vida torna-se aquilo que pensamos que ela é.
A vida não é nada e é tudo ao mesmo tempo, entre esses dois absolutos trafegam todos os sonhos, todos os anseios e angústias, e nesse grande mar de sentimentos a deriva onde estão os pescadores de ilusões? A quem recorrer num mundo em que todos estão correndo por si mesmo? Percebo a cada dia, que só podemos tirar da vida aquilo que nela plantamos, para o bem ou para o mal, só assim é possível transcender a mediocridade que, querendo ou não, somos os únicos responsáveis. Recuso-me a ver o dia passar como um dia comum pois não há nada mais singular do que os ares de cada amanhecer.
É preciso frisar cada momento com algo que valha pena ser lembrado pois lembrar é uma forma de viver de novo, é marcar nossa existência com toda a humanidade que nos é inerente, e deixar que os sonhos se tornem sementes a cair numa terra de incrédulos de si mesmo, sim, aqueles que crêem em tudo menos em si mesmos são os verdadeiros incrédulos.
Entre o fim e o começo de nosso caminhar, o mais importante é a travessia, a passagem e as paisagens que molduram o espírito e o caráter, somos criadores e criaturas dessa estrada tecida da experiência humana, aventura finita, porém sublime, mas é preciso olhar além. Além da nossa hipocrisia, além da nossa estupidez além da nossa ignorância. É preciso olhar para dentro de si para abarcar a vida que nos rodeia e se revela em cada dia.
Prof. Victor Menezes.
Escola Jerônimo Gueiros - Canhotinho - PE
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