26 de set. de 2009

Marias da Seca

A partir dessa imagem que tenho em mente, de uma menina que demonstra interesse pelo aprender. Seu primeiro contato com as letras e a mudança brusca de vida imposta pela sua condição social. Fico pensando como seria difícil para Maria deixar de lado o seu sonho, em função de uma vida sofrida, que o morador da zona rural leva, quando se ver privado de realizar seus objetivos de um futuro digno de um ser humano. O leitor, acredito que consegue perceber como é frustrante para alguém desistir de seus sonhos devido a situações adversas que dão as pessoas como Maria outra vida diferente da idealizada.

A pobre Maria encontra-se debruçada sobre a janela a desenhar seu nome, quando é tirada bruscamente de seu prazer pela busca do conhecimento, por sua mãe, que lhe impõe a carga de ser amadurecida antes do tempo. Caro leitor é triste perceber que muitos sonhos, como o de Maria ficam para trás. Devido a necessidade de uma criança assumir o papel de um adulto, que lhe tira as esperanças de realizar o desejo de no mínimo ter uma vida mais digna e motivadora de exercer um papel de destaque na sociedade, em seu futuro que seria promissor, se não fosse a imposição de seus pais em querer passar aos filhos a responsabilidades a que uma criança não está preparada para assumir. Resignada, a pobre Maria passa adiante a lição que aprendeu com a mãe e outras Marias vão surgindo num cenário humilde e sem perspectiva de mudança. Eis o triste retrato que fica para uma reflexão de até quando esta situação perdurará. Primeiro a Maria que sonha em ser "alguém" na vida através do conhecimento, depois a triste condição de estagnar, sem uma visão de melhoria em sua sofrida vida de mais uma Maria da Seca.

Maria do Socorro Ferreira da Silva
Escola Dom João da Mata Amaral- Ensino Fundamental e Médio
Garanhuns-Pernambuco

22 de set. de 2009

Cronicas de estudantes da Escola Frei João, em Negras - PE

Parabéns à Professora Rute Soares, da Escola Frei João, pela realização do Projeto de Leitura e Produção de Crônicas com estudantes do Ensino Fundamental e Médio e pelo envio de excelentes produções para publicação aqui no blog.
A V I D A C O M O É
Não sou sofredor nesse mundo cruel, onde pessoas passam fome e sede e nem mesmo têm onde morar.

Reclamo-me muito das pequenas desavenças que acontecem comigo, antes eu pensasse melhor e me acostumasse a essas pequenas coisas. O mundo não é nenhum paraíso, apesar de ser lindo. Nele temos fome, mortes, crimes, poluição... Onde tudo vai parar? Eu tenho esperanças de que um dia as pessoas mudem, mas enquanto isso não acontece, viveremos nesse mundo cruel e sem compaixão.


Uma vez me reclamei por não ter sapatos, até que conheci um homem que não tinha pés. Esse é o mundo de hoje! Um mundo onde as pessoas se reclamam simplesmente por não terem a roupa que gostam, quando há pessoas que não têm nem o que vestir.

Esse é o nosso mundo, está cada vez mais injusto, mas nós mesmos o transformamos e não sabemos como consertá-lo.
Jaciel - 2º “A”





A SORTE

Numa cidadezinha do interior existia uma família que estava afundada em dívidas.


O pai sempre sonhava em achar uma maleta de dinheiro para resolver seus problemas.

Ele conseguiu fazer um empréstimo no banco para quitar todas as dividas. Logo após a retirada do dinheiro ele saiu do banco, alegre, contente, pois sabia que ali estava a solução dos seus problemas. Porém, ao sair do banco com o dinheiro em uma maleta, apareceram três homens armados com capuz. Os três caras levaram todo o dinheiro do empréstimo.
Puxa! Quão feliz e azarado foi esse pai sonhador, ao invés de achar uma maleta de dinheiro, perdeu uma!
E esse é um dos casos onde podemos dizer que o remédio foi pior do que a doença.
Alunos: Leonardo e Oriclécio – 8ª série
 






AMOR, JOVEM, CAPACETE

Um certo dia, um casal de namorados se preparava para viajar. A família era contra essa viagem, pelo fato de que eles eram muito jovens: Rafael tinha 16 anos e Gabriela tinha 15. Isso não era nada para quem gosta de viver se aventurando.

Diante da oposição da família, resolveram fugir. Deixaram tudo pronto, foi numa noite de sexta-feira. O rapaz pegou a moto do pai, passou na casa da namorada e fugiram de mundo a fora.
Rafael estava dirigindo com imprudência e Gabriela falou:
- Vai devagar!
- Não tem perigo não...
- Estou com medo, Rafael.
- Então me abraça.
- Já te abracei. Agora pare!
- Então diz que me ama!
- Eu te amo!
- Pegue meu capacete e coloque em você.
Gabriela colocou o capacete e infelizmente Rafael continuou correndo muito e, descontrolado, bateu em um poste. No dia seguinte, os jornais mostravam que houve um acidente: a pessoa que estava com o capacete sobreviveu, mas infelizmente, a outra morreu.

Por isso, meu amigo, devemos dar o capacete a quem a gente realmente ama!
Gleydson - 8ª série












ANA NA ESCOLA



Ana preta
Ana boa
Ana quase sempre de bom humor.
Imagino Ana entrando na escola:

- Licença, meu porteiro!
E Deval no portão:
- Entra, Ana. Você não precisa pedir licença.

Ana Paula – 3º Normal








AS MIL E UMA FACES DE UM SONHADOR
Meu caro leitor, fico, às vezes, preocupado, pela atitude de muitos em sonhar. Diante de tal situação, pergunto: “Para que sonhar?”

Parece óbvio, mas nem tanto. Alternativas existem aos montes: sonhar por não conhecer a triste realidade ou sonhar por viver em uma triste realidade? Sonhar porque não acredito em meu sonho, tal que por isso é que sonho em vez de realizá-lo ou sonhar porque creio que num futuro poderei vivenciá-lo?
Creio que muitos sonham para fugir da triste pindaíba em que vivem. Pessoas que sonham em morar numa casa ajeitadinha, pois dormem em bancos de praças ou moram em viadutos empoeirados e gelados pela brisa do inverno constante.
Talvez o sonho seja a única chance de nos ludibriarmos sem modéstia, de forma que não seremos crucificados por tal ato. Ou será que o sonho com modéstia seria o mais provável para uma possível realização?
Aquele que sonha é inseguro ou tão seguro que se joga às mil e uma faces de um sonho, a fim de criar coragem para conduzi-las à realidade?
Algumas dessas perguntas só eu ou você podemos responder por nós mesmos, mas creio que um sonhador nada mais é do que alguém que tem esperanças na vida.
Deyvid – 3º ano do Ensino Médio








D O N A
Neste instante, declaro a ousadia deste ser com seu vestido curto, que vai e vem ao sopro do vento, mas quem pode impedi-la? Quem quer?

Eles apenas torcem para que no dia seguinte, esta morena formosa, de presença, volte, passe na mesma calçada, exponha seus elementos ocultos que o vento há de mostrar, que o pessoal do prédio ao lado adora ver, que até o cego faz um esforcinho para olhar e que o mais tímido dos moços ousa assoviar...
José João - 3º Médio









MA S C O T E
Foi difícil o acontecido. Na vida existem coisas difíceis de entender, coisas essas que vêm quando menos esperamos!

A vida traz choques que nos maltratam sem dó. O especial dessa vez era um animal, parecia ser gente! Todos os dias estava na sala de aula, parecia nos entender. Era um gato... mas um gato que se transformou num ser muito especial.
Em uma tarde como as outras, ele foi para a sala de aula, muito inocente andava pelos pés dos alunos se esfregando para receber carinho... Não durou muito tempo e ele saiu para a rua. Um homem passou com um carro, e, não olhando por onde andava, atropelou o gato indefeso.
Foi muito trágico, o mascote da sala foi embora!
Hoje, na sala de aula, não existe mais o peludo. Só lembranças!...
Jaldiane - 3º Normal










NÓS ENVELHECEMOS
Um casal de idosos conversava na varanda de sua casa sobre como está o mundo nos dias de hoje. Até que Pedro fala:

- Os dias de hoje não são mais como antes.
- É mesmo, antes não tinha tanta violência. Fala a esposa.
O neto escuta e diz:

- Antigamente, o que vocês chamam de mundo não era mundo.
- Por que você acha isso, meu neto?
- Porque antes não existia tanta tecnologia.
- O que quer dizer com isso?
- É porque antes não faziam plástica.
- Plástica?!! Por que você falou sobre isso?
- Por que minha mãe vai fazer uma amanhã.
- Não sei porque, um dia ela vai envelhecer mesmo.
- Mas ela disse que enquanto puder, vai fazer isso.
- Mas diga para ela que o mais importante não é ela manter a aparência jovem e sim o espírito jovem. Comenta a avó.
Alunas: Mariza e Keyla – 8ª série









O BICHO MISTERIOSO
No momento em que ele apareceu, de repente como se viesse do nada, com seus pelos pretos e suas patas enormes, senti tanto medo que pensei que fosse um bicho malvado e peludo que iria me levar para bem longe. Mas, na verdade, era um simples cachorro que ia passando bem devagar em frente à sala onde eu estava.

Isso me fez pensar: às vezes na vida quando aparecem os problemas, por mais pequenos que eles sejam, a gente faz com que eles se tornem enormes. E tudo por que, em vez de enfrentá-los de cabeça erguida, preferimos ficar quietos e baixar a cabeça diante do acontecido. Sendo que aquele momento é uma fase em nossa vida e se abrirmos os olhos, iremos ver que é apenas um fato e que vai se resolver de forma simples, como aquele cachorro que passou em frente à minha sala de aula.
Ozivânia 3º Normal










PRESENTE DE GREGO
Tudo aconteceu num dia de domingo em uma grande casa, onde morava um casal e seus dois filhos, que no caso eram Rute e Adilson.
Adilson foi viajar. Chegando ao local da viagem tinha um vendedor de rua, que vendia periquitos.

Então ele resolveu comprar os dois danadinhos.
Quando ele voltou para casa disse:
- Rute, olha que lindos!
Então Rute exclamou: - Oh, que graça! E, silenciosamente, disse para si mesma:“ Sabe, eu vou benzê-los para eles morrerem.” Pensado e feito, dois dias depois os periquitos morreram.
Ao saber desse acontecido eu conclui: “É bom pensar bem antes de dar um presente a pessoas que não saibam lhe agradecer.”
Alunas: Mikaele e Carina - 8ª série








QUEM AVISA TÃO BÊBADO NÃO ESTÁ

Num final de semana uns amigos chegaram de carro num bar. Ao entrarem lá, tinha um bêbado que lhes falou:
- Se for dirigir não beba!
Os caras deram um empurrão no bêbado, e recomeçaram a encher a cara.
Já de madrugada, eles decidiram voltar para casa, mas havia um problema: todos estavam bêbados, mas não quiseram alugar um táxi porque não tinham mais dinheiro.

E ao passarem por uma barreira policial, os policiais pararam o carro e fizeram o teste do bafômetro no que estava na direção do carro:
- Você está incapaz de dirigir este veículo, encoste o carro e um dos nossos policiais irá dirigir para vocês, mas esperem no carro.
Eles não quiseram e fugiram; e logo em seguida sofreram um acidente que não foi muito grave, mas passando por perto vinha o bêbado que eles tinham empurrado. O bêbado então falou:
- Se for dirigir não beba, se for beber me chame!
Alunos : César e Jociene – 8ª série











QUEMÉ O DONO
Às vezes, ao longo da minha vida, chego em certos momentos a conclusão de que não sou a autora da minha história.

Mas quem mais poderá ser, caro leitor, se não aquela que vive dentro do meu corpo? Já lhe respondo: não somos mais donos de nada que nos pertence; a única coisa que a algum tempo nos restava era a vida; e hoje a minha nem me conhece. Mas quem é o tal autor? O povo, (pelos outros vamos olhar), mas conhecidos como fofoqueiros, permita-me lhe apresentar: o povo não trabalha, não estuda, o que o povo gosta mesmo é de conversar sobre os mais importantes assuntos: O que o vizinho fez hoje? Será que ele recebeu visita? O que ele falou? Para onde foi? Este povo, meu povo, só tem tempo mesmo é para o tempo dos outros. É mesmo muito interessante viver para os outros, onde se vive para os outros! Porém muitas vezes provoco de propósito só para que falem de mim, por que ruim mesmo, é não ser lembrada nas telefofocas da cidade.
Alunas: Érika e Poliana – 3º/4º Normal










UMA ESCOLHA DE VIDA
Escrevo com a importante missão de provar que professor não é simplesmente uma profissão e sim uma escolha de vida. Mas como assim uma escolha de vida? - Você pode estar me perguntando. Pois bem, vamos aos fatos:
Escolha de vida, porque com a grande capacidade de poder escolher tantas outras profissões, eles escolheram ser professores. Pois já sentiam no peito a forte vontade de se aventurar em um mar de mentalidades diferentes... Mentalidades essas, que muitas vezes, não reconhecem o seu trabalho, onde passam horas e horas pesquisando, com a cara enfiada em livros, revistas, internet, jornais... Procurando fazer com que a aula fique mais divertida, para que não seja aquela coisa cotidiana de sempre. Quem sabe assim, sejam reconhecidos os seus esforços...
Infelizmente, não são só reconhecidos, são também atrapalhados e chateados por mentes que só vão à escola como se fosse uma obrigação e não por interesse de conhecer um novo mundo, ser uma nova pessoa. E isso faz com que os professores se sintam inúteis, incapazes e muitas vezes arrependidos dessa escolha de vida. Entretanto, conseguem superar, pois o amor ao que fazem é maior que tudo isso. E se sentem orgulhosos em poderem afirmar “Sim, aquele médico ou aquele advogado foram meus alunos.”
Mesmo assim, com tal êxito, o seu nome ainda é escrito com letras minúsculas, mas não custa sonhar com o dia em que veremos realmente reconhecida mais esta profissão, perdão, esta ESCOLHA DE VIDA.

Ana Paula Gomes – 3º Normal